terça-feira, 16 de novembro de 2010

Bioma

Bioma

Patrimônio natural, socioambiental e cultural da humanidade, título conferido em 1999 pela Unesco, o Vale do Ribeira localiza-se entre os estados de São Paulo e Paraná, estendendo-se ao longo de 2 830 666 hectares (28 306 quilômetros quadrados) - 1 119 133 hectares no Paraná e 1 711 533 hectares em São Paulo. Trata-se da maior área contínua de Mata Atlântica do Brasil.
Complexo Estuarino Lagunar Iguape-Cananéia-Paranaguá, no litoral do vale: José Gabriel LindosoComplexo Estuarino Lagunar Iguape-Cananéia-Paranaguá, no litoral do vale: José Gabriel Lindoso
Bioma considerado um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas em termos de diversidade biológica do Planeta, a Mata Atlântica hoje está reduzida a 7% de sua área original, ou a aproximadamente 100 mil quilômetros quadrados. Desse total, 23% se situam no Vale do Ribeira com seus 2,1 milhão de hectares de florestas, 150 mil de restingas, 17 mil de manguezais e 200 km de uma costa recortada por um conjunto de praias, estuários e ilhas. Todas essas áreas estão extremamente bem preservadas, incluindo o mais conservado banco genético das regiões Nordeste, Sudeste e Sul e a mais importante reserva de água doce dos dois estados.
Rio Ribeira de Iguape visto do alto: Wigold SchafferRio Ribeira de Iguape visto do alto: Wigold Schaffer
Nessa região de Mata Atlântica nascem diversos rios que abastecem cidades e metrópoles brasileiras, beneficiando milhões de pessoas, e é fonte de subsistência para populações tradicionais - comunidades indígenas, de caiçaras, de quilombolas e de agricultores familiares entre outros. Essas comunidades compõem um mosaico de diversidade cultural raramente encontrada em locais tão próximos de grandes centros urbanos. Daí a importância de conservar e recuperar as matas das beiras dos rios da região.
Áreas protegidas
Só para se ter uma idéia, 78% da área do Vale do Ribeira e das zonas costeiras contíguas ainda estão cobertas por remanescentes originais. Apesar da devastação acentuada, a Mata Atlântica ainda abriga uma parcela significativa da diversidade biológica do Brasil, com alto grau de endemismo. Os estados e municípios situados no bioma são responsáveis por quase 70% do PIB nacional e abrigam mais de 60% da população brasileira.
Queda d'água no Parque Estadual do Alto Ribeira (Petar): José Gabriel Lindoso/ISAQueda d'água no Parque Estadual do Alto Ribeira (Petar): José Gabriel Lindoso/ISA
Mais da metade do território do Vale do Ribeira é protegido legalmente por meio de um mosaico integrado de unidades de conservação marinhas e terrestres como parques, estações ecológicas, áreas de proteção ambiental , que formam uma espécie de cordão de proteção do patrimônio natural, soicoambiental, cultural, arqueológico espeleológico e histórico. Entre essas unidades de conservação pode se- citar o Parque Estadual do Alto Ribeira (Petar), o Parque Estadual da Ilha do Cardoso, o Parque Estadual de Jacupiranga e a Estação Ecológica Juréia-Itatins entre outros. Por tudo isso, é que em 1999, a Unesco conferiu à Reserva da Mata Atlântica do Sudeste, constituída por 17 muncípios do Vale do Ribeira, o título de Patrimônio Histórico e Ambiental da Humanidade, pelo fato de possuir os melhores e mais extensos remanescentes de Mata Atlântica na região sudeste do Brasil. São 470.000 ha, que revelam a riqueza biológica e evolução histórica do Bioma, além da beleza da paisagem.
Em Cananéia, no litoral do Vale do Ribeira, botos encantam os visitantes: José Gabriel Lindoso/ISAEm Cananéia, no litoral do Vale do Ribeira, botos encantam os visitantes: José Gabriel Lindoso/ISA
São mais de 300 cavernas e sítios arqueológicos, mais de 150 monumentos, ruas e imóveis tombados como patrimônio histórico-cultural, sem contar a diversidade de fauna e flora, espalhados pro 31 municípios, 9 no Paraná e 22 em São Paulo.
No município de Iporanga, uma das mais 300 cavernas do Vale: José Gabriel Lindoso/ISANo município de Iporanga, uma das mais 300 cavernas do Vale: José Gabriel Lindoso/ISA
Riqueza socioambiental com baixo IDH
Em contraposição aos ricos patrimônios ambiental e cultural, o Vale do Ribeira apresenta os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) dos estados de São Paulo e Paraná, incluindo os mais altos índices de mortalidade infantil e de analfabetismo.
A população local também não possui alternativas econômicas adequadas ao desenvolvimento sustentável da região. Esse quadro é agravado por sua proximidade de dois importantes centros urbanos e industriais – São Paulo e Curitiba – e ainda por recentes investimentos em obras de infra-estrutura, tais como: a duplicação da Rodovia Regis Bittencourt (BR-116); as propostas de construção de usinas hidrelétricas no rio Ribeira de Iguape e as propostas de transposição de bacias a fim de desviar água da região para São Paulo e Curitiba.
Tudo isso ameaça transformar o Vale do Ribeira em fornecedor de recursos naturais de baixo custo, explorados sem qualquer respeito ao patrimônio ambiental e cultural e sem geração de benefícios para a população residente.

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